[Second Wind] Parte 6

— Ele era rápido, eles... Não lembro direito, quando percebi, três membros da minha equipe estavam mortos e eu fiquei cego de raiva.

O rapaz se aproxima de uma parede e da uma cabeçada com extrema força.



- Eu não quero pensar nisso, eu não posso pensar nisso. Se eu vacilar por um segundo, eu vou ser o próximo a morrer nessa merda. O shadowbody as vezes nem era tão forte, mas nós que éramos fracos, quem não tem força só pode ficar choramingando e pensando no que poderia ter feito, se lamentando... Não, tenho que olhar pra frente.

O rapaz da um murro com força extrema em seu rosto, tentando afastar seus pensamentos.

Hibiki suspira e chora no abraço de Enzo, em seu ver, ambos permitindo esse momento de fraqueza para que possam sobreviver mais um dia. Hibiki tenta racionalizar em sua mente que isso é necessário e que isso o tornará mais forte depois, mas como um momento de fraqueza poderia? Em sua mente o que o garoto fazia agora era vergonhoso mas não havia mais como controlar o que estava acontecendo e tudo ao seu redor era tão igual quanto, um mundo de problemas, objetos, e as vezes pessoas passando ao redor de uma gravidade da qual Hibiki não era o centro, ele nunca foi.

Tempo, pessoas, objetos, tudo neste momento de fraqueza no qual ele desesperadamente tentava se segurar para não fisicamente cair, estava fora do controle de Hibiki, até suas lágrimas que caiam sem que ele pudesse para-las. Não havia passado muito tempo desde que ele se apoiou em Enzo mas para a vergonha que o garoto sentia, eram como se horas tivessem passado, e em seu cérebro de undead, mais alguns segundos seriam o bastante para que ele pudesse começar a se recompor. Ainda havia um mundo para tentar segurar assim que isso acabasse, ainda haveria tempo, pessoas, objetos, e tudo mais para que Hibiki tentasse controlar de novo, e mesmo que ele falhasse, ele tentaria como se o universo todo dependesse disso, porque afinal, o universo dentro de seu coração dependia que ele continuasse ali.

Depois de mais 15 segundos e alguns milissegundos, Hibiki começava a se desprender de Enzo, agora um novo amigo no mesmo nível dos tão poucos outros que o garoto sentia que podia confiar, no mesmo nível destes poucos que ele sentiu o calor tão humano e tão real que só poderia vir daqueles que já passaram no caminho da morte. Hibiki limpa seu rosto com as mangas de suas roupas e respira fundo algumas vezes para tirar os "últimos resquícios de um choro" que ainda estavam em seu sistema.


"Obrigado, Bearzatti-san, por favor conte comigo também se eu puder fazer qualquer coisa por você."

Independente da resposta de Enzo, era hora de Hibiki se preparar para mais um confronto emocional, dessa vez com a mãe de Aiko, como ele havia dito que iria fazer.

Mia sai do apartamento e solta o maior suspiro da semana. Não, do mês. Talvez do ano.
Ela instintivamente procura seu maço de cigarro nos bolsos da calça mas percebe na hora que está usando as roupas da filha e que seu ultimo maço deve ter se perdido quando Aiko- ...bem.

Talvez fosse melhor que não tivesse nenhum cigarro ali. Quem sabe agora ela consegue largar eles de vez?

Ela levanta a cabeça e vê dois adolescentes com cara de desespero se abraçando.



"Ah...Hibiki-kun, é você? E você- O garoto que estava no hospital. Não precisam se assustar, eu já sei, mais ou menos, o segredo de todos vocês. Eu não vou fazer nada, então não se preocupem."



"Ah, e... obrigada. De verdade. Eu sinto muito pela minha reação mais cedo. As coisas vão ser diferentes daqui pra frente."

Ela olha para eles com dor mas determinação. Ela espera um momento para que algum deles se pronunciem antes dela decidir ir embora de vez.

Hibiki respira fundo e e se põe a frente de Mia antes de suspirar e começar a dizer.


"Primeiramente, do fundo do meu coração, eu gostaria de pedir perdão pelos ocorridos recentes, tanto quanto por tudo que eu não pude impedir nos acontecimentos recentes, perdão."

Hibiki se curva, quase num ângulo de 90 graus, como um salaryman pedindo desculpas para seu chefe. Ele então se desdobra, algumas lágrimas ainda em seu rosto, mas ele as limpa e se recompõe.


"Aconteceram muitas coisas que me trouxeram para perto da Aiko, e muitas delas eu poderia ter impedido se eu fosse mais forte, e outras se eu fosse uma pessoa melhor para todos nós undeads."


"Mas todo dia, todo dia estamos nos tornando mais fortes, e todo dia eu estou dando passos para que eu possa me tornar uma pessoa mais forte e capaz de proteger quem eu amo."


"Por isso, eu peço que confie em mim e na sua filha para nos protegermos, e eu juro, sob o nome Kuronuma, que eu vou dar tudo de mim para isso"


"E eu juro fazer a Aiko feliz"

HIbiki se curva novamente, quase pronto pra fazer um dogeza caso ele precise.

Akira:

Após a demonstração de raiva de Akira, que deixa um buraco na parede de um prédio e faz seu próprio nariz sangrar até mesmo Reiji que com certeza era uma pessoa tão insana quanto se assusta um pouco.


-...
-Eu não... Eeeto... Sinto muito...
Ele tenta balbuciar oque ele sabe sobre apoio emocional, claro ele mesmo tinha que lidar com a falta que alguém como Polly iria fazer em sua vida do seu próprio jeito de quem não tem maturidade da mesma.


-Eu não sei oque falar não... E isso me deixa puto... Olha... Toma cuidado.
Com isso, Reiji se retira, suspirando no caminho de volta de sabe-se lá qual buraco ele saiu desta vez, ao longe da pra ver que ele se esbarra com um homem e dá um soco no estomago dele, fazendo-o cair no chão.

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Riki:


-Ah bem... Pena. Ainda sim, se houver qualquer undead que você queira que eu te livre de, ou se você simplesmente estiver querendo pontos, é só me pedir... E não precisa se preocupar com minha familia, eu sei onde eles estão... Eu só... Não vou me apresentar em frente a eles por motivos óbvios.
Chiyoko dá uma piscadela para Riki.


-Sobre a tinta: Eu estou pensando em pegar essa tinta e dar uma renovada nas parede de fora da casa, acho que eu estou cansada da cor de limo e madeira podre.
-Maaaas não sei se farei isso hoje já que estou ocupada contigo.
Chiyoko arrasta Riki pra fora da loja, levando ele a mais lugares: uma loja de roupas para crianças, um restaurante caro no qual ela usa sua shadow para roubar bebidas e também resolve furtar algumas kombinis só parando quando eles chegam na costa de Tokinomiya, ela encarando de pé os quebra-mares ao longe enquanto o vento costeiro faz seu cabelo balançar e vestido longo esvoaçar colando em seu corpo.


-...
-Eu vou te fazer uma pergunta e eu quero que você me responda com toda sinceridade:
-O que você faria se estivesse no meu lugar?

Mia escuta tudo com calma, olhando o garoto com atenção.



"Hibiki-kun. Eu vou ser honesta com você. Eu não confiei em você quando eu te conheci. Porque eu não confio- não confiava na Aiko. Ela nunca teve amigos, nunca demonstrou interesse em garotos, ou em ao menos parecer mais feminina e arrumada, e ela me vem um dia com um namorado? Como eu não suspeitaria que alguma coisa estranha aconteceu? Você deve ter lembrado o meu... comentário infeliz naquele dia."



"E me perdoe, mas era uma situação familiar demais para mim. Fiquei com medo. Porque aconteceu a mesma coisa comigo quando eu era jovem. Eu era jovem, burra, insegura, solitária, estava para sair do ensino médio, e um garoto muito gentil e sociável me fez me sentir especial. Um garoto que vinha de uma família rica, mas que na verdade só estava procurando uma desculpa pra escapar do casamento arranjado e tentar encher o saco do pai esnobe."
"Surpreendentemente, o relacionamento durou, porque minha família achou muito bonito eu conseguir ter 'prendido' um garoto de família rica, agora a vida de todo mundo estava feita. Ele com o tempo perdeu o interesse em me usar como acessório contra o pai dele, então ele se mostrou quem realmente era: amargo, arrogante, indiferente. Eu queria terminar mas a pressão da família era horrível. E sabe o que aconteceu?"



"Eu fiquei grávida. Por acidente. Cedo demais. Foi um inferno. O pai dele tentou deserdar ele. A minha família mal fala comigo mais. Ele- ele até mesmo ofereceu aborto, mas... eu decidi ter a criança. Aiko."
"Eu achei que ter um pai ia fazer bem para ela mas esse homem foi um inferno em nossas vidas. Eu me divorciei dele tarde demais."



"Então quando eu vi vocês dois eu fiquei com muito medo. Mas... nunca vi alguém falar com tanto zelo assim pela minha filha. Eu amo ela. E só quero o bem dela. Ainda estou processando tudo ainda, então, me prometa... cuide dela."

Ela suspira, seu rosto passando por muitas emoções conturbadas, mas ficando muito amolecida e doce no final, exceto quando ela fala:



"...E se ela morrer eu vou querer satisfação."

Extra:

Riki se senta na borda do quebra mar e fica em silêncio durante uns minutos.

Riki se embola com as palavras por um momento, antes de se calar por 2 segundos e falar com mais convicção

-Errou!
-Ei!
Ela dá um murro na cintura de Riki, até que dói um pouco.
-Pensa de novo, eu tenho pais por acaso?

A fala de Riki vai ficando mais séria

-Bom garoto.
Sorrindo Chiyoko puxa de algum lugar uma pequena caixa metálica, ela é rasa e contem algumas marcas de ferrugem, em seu tampa há um selo e uma data antiga, abrindo a tampa ela revela alguns cigarros enfileirados, seus papeis já amarelados com o passar das décadas.
Ela pega dois, um ela põe na boca e e com o polegar e o mindinho belisca sua ponta e o acende, ela dá uma tragada antes de acender um para Riki.
-Hm?

Riki hesita por um breve momento

-Primeiro você vai puxar a fumaça para dentro de sua boca, esperar uns momentos para que ela esfrie e então soltar o cigarro e inalar e exalar como você faria normalmente.
Ela então dá mais uma tragada e soltando um pouco de fumaça enquanto olha para Riki com um olhar quase que sedutor diz.

-Viu como é simples? Até um gorila que nem você conseguiria.

Riki dá uma tragada, depois solta a fumaça. Ele sente a vontade de tossir vindo mas consegue controlar, não querendo passar essa vergonha. Talvez seja mais fácil quando você é um undead.

-Não nessa pequena quantidade, eu teria que fumar talvez um maço inteiro.
-Mas...
Ela faz um pequeno movimento circular com a mão que segura o cigarro, a fumaça segue, fazendo espirais.
-O ritual em si é confortante.

RESTO:

O tempo passa até o começo do final da tarde, felizmente hoje está sendo um dia tranquilo... Ainda...
(Esclarecer se você for fazer algo antes desta passagem de tempo, de preferencia nada muito complexo.)

Riki:

-Não tente entender, eu não entendo... Ele faz isso desde antes de seu nascimento e provavelmente vai continuar fazendo até alguém matar ele.
-Como eu disse, cada um de nós é uma mente alien... Até os mais 'normais' entre todos que chegam neste nível. Os seres humanos não foram feitos pra lidar com tamanho poder, crianças muito menos.
Chiyoko termina de fumar os cigarros especiais junto a mais seu novo amigo.

Após um dia proveitoso Chiyoko faz uma ultima parada no cemitério perto de sua montanha, deixa uma bebida cara em uma lápide escrita "Fujisawa" e prossegue para casa.

Já dentro ela deixa as compras em um canto no corredor e se vira pra Riki.


-Obrigado pela companhia... Ah, eu tinha algo para lhe dizer.


-Você deveria ir ver se sua namorada está bem, ontem ela pretendia sair do jogo mas parece que ela teve algum tipo de ataque de pânico e mudou de ideia.
-Eu vou manter ela segura essa noite, considere isso um favor mas desta vez eu não cobrarei nada de volta.

Ela não saiu?! Por que ela... Argh, que droga!
Eu... Tô indo então. Obrigado pela companhia também e... Conto com sua ajuda de novo

Riki sobe na Dethroner e sai voando de forma Super Radical pra casa de Niju.