[Second Wind] Parte 6

- Tsc. Tudo é difícil nessa merda.



— E as suas capacidades AI? Se um Undead pedir, você pode hackear alguma coisa ou algo do gênero? Ou suas capacidades são limitadas a informação e coisas do jogo?

Uns dois segundos se passam antes que a garota responda.

-Eh...mmgm.. C-claro! CLARO! Poxa eu ficaria muito honr-... Contente! De ir. Nossa Hisashikawa-san eu agradeço muito!

Ai faz uma expressão neutra, porém com uma certa incerteza por trás de seus olhos.

-Arriscado, porém possível... Você teria que ser rápido e discreto já que o Rainbow Squad também está de olho em você...
-Você também pode causar um grande desastre caso o Undead seja mais forte que aparente... Mas eu suponho que você não ligue muito para dano colateral.
-Já com os pais do Pochi... Não seria problema algum... Porém eu achei que você só queria matar eles?

— Bem, eu posso observar tudo de longe e depois minha Shadow vai e termina o trabalho, ou eu pego aquela Shadow pistola e atiro de longe. Eu tenho opções... Os danos colaterais, bem... Eu não sou um herói. E quanto aos pais do Pochi...



— Eles vão morrer, vou matar eles internamente, fazer eles se arrependerem de ser dois filhos da puta que um dia pisaram nesse merda de mundo, eles vão querer morrer e se não quiserem, eu termino o serviço. Tudo de ruim que puder acontecer com eles, eu vou fazer acontecer...



— Não acho que isso seja bem visto pelo resto do time, mas foda-se, eu nunca fui uma pessoa boa mesmo tá ligado... Você tem alguma opinião sobre isso tudo AI?

-...
Ai parece atordoada quando tem sua opinião requisitada por alguém.


-Akira eu tenho 112 anos... Eu já presenciei e presencio diariamente todo o tipo de atrocidade que humanos cometem tanto com uns aos outros tanto o que ocorre com outras instâncias minhas...
-Você é alguém que viveu uma vida incomum, cercada de violência e perigo, toda segurança e estabilidade que você teve foi momentânea e no final você acabou morrendo e se tornando um Undead...

-Você certamente não foi e nem é uma pessoa convencionalmente "boa" mas o fato de que você só não decidiu destruir esse mundo diz algo sobre como você tem uma grande resiliência mental, eu já vi Undeads massacrarem uma quantidade enorme de humanos por motivos menos extremos.
-Você pode não ser uma pessoa que segue as leis ou que age de maneira moral mas você certamente é alguém com um caráter extremamente solido.
-Suponho que se eu fosse humana e fosse parte deste time, eu não iria considerar você um perigo a minha pessoa.

Cinco metros.
Hibiki percebe que Enzo não está mais o seguindo, ouvindo o som de seus passos mais pesados que o normal, ele se vira.

Quatro metros.
Hibiki olha Enzo andando em sua direção, sua expressão quase como uma máscara, Hibiki está um pouco confuso.

Três metros.
Hibiki observa a expressão de Enzo falhar, seu sorriso parecendo cada vez mais dolorosamente forçado

Três metros.
Hibiki se sente um tolo, como ele não pode notar antes? Enzo Bearzatti não é só um undead aleatório, ele é um membro de seu grupo, alguém que nunca teve nada contra Hibiki, ele poderia até ter sido mais gentil, ter sido amigo deste outro garoto.

Dois metros.
Enzo Bearzatti não foi nada além de gentil e amigável com todo no grupo, incluindo Hibiki, lhe tratando como um amigo de longa data mesmo que eles tenham se conhecido a tão pouco tempo, Hibiki se sente como se tivesse fingido ser cego este tempo todo, tão focado em quem estava a um braço de distância e em si mesmo que ele não cogitou que outros ao seu redor pudessem estar sofrendo também

Um metro.
Kazuko, Pochi, Polly, Yasushi. Com cada respiração neste momento, olhando diretamente para Enzo, o peso dessas perdas vem para cima de Hibiki como uma tonelada de rochas, Enzo também estava lá, é claro que isso iria o afetar, ninguém poderia fingir não ver o que estava acontecendo, ninguém poderia estar emocionalmente ileso disso tudo.

Vinte centímetros.
Kuronuma Hibiki é um tolo com desilusões de grandeza.

Ao sentir Enzo segurar seus ombros e se desfazer em sua frente, sua expressão finalmente se tornando natural, Hibiki finalmente vê o que estava por trás da máscara.

Kuronuma Hibiki se vê. Um tolo, tão frágil quanto, achando que poderia lidar com tudo e que nada o afetaria.

Enzo escreveu:

"Como que... Como que você faz pra lidar com tudo isso, Hibikinho...?"

Os olhos de Hibiki se enchem de lágrimas.


"Eu.... Eu não lido"

Hibiki soluça tentando conter seu choro, ele segura nos ombros de Enzo sentindo que tudo vai desabar ao seu redor.


"Como é que alguém, *hic*, como é que alguém pode lidar com isso?" Hibiki treme, tentando se segurar em Enzo, enquanto tenta falar através das lágrimas. "Eu nem, *hic*, eu nem sei como me manter vivo! Se não eu não estaria aqui! Eu fico tentando superar deixar o Yasushi morrer, eu fico tentando estar a mais passos a frente do que Kazumi estava, mas eu não consigo."

Hibiki soluça algumas vezes, tentando respirar e se recompor.

"Já foi um milagre termos sobrevivido outra noite, já é outro milagre que você concordou em me ajudar a Ajudar a Aiko, tudo que eu consigo fazer e ficar contando milagres até a hora que eles não vem mais!"


"Eu não consigo estar a frente de nada, Bearzatti-san. Mas eu não posso parar de tentar, eu não posso perder mais ninguém. Eu só sei continuar em frente até o mundo tentar nos parar."

Hibiki, não intencionalmente acaba puxando Enzo para perto de si em um abraço trêmulo, o mais perto do que seus amigos vão ter de um funeral ou luto vindo de alguém que saiba de seus destinos.


"Tudo que eu sei fazer, é continuar. Então por favor Bearzatti-san, por favor continue conosco."

Ele diz, antes de soluçar mais algumas vezes e se deixar chorar.

Riki olha Akira ir embora

-Oh! A gente vai em alguns lugares, eu preciso de umas coisas para a casa, eu quero uns livros novos e também álcool, doces... Talvez uns charutos chiques... Veremos.
Com isso Chiyoko segura a mão direita de Riki e começa a puxar o garoto para longe do pé da montanha, passando direto pelo cemitério e seguindo até o mercado mais próximo dali.

A velha em um corpo de garotinha sabe longo aonde ir, direto para a o corredor de produtos para a casa, e parando em frente a um monte de latas de veneno para insetos enfileiradas.


-Tem duas coisas que eu odeio, o cheiro de gente morta e insetos, mesmo sendo Undead eles insistem em pousar em cima de mim ou voar em volta de minha cabeça, pior ainda porque eu moro em uma casa abandonada da segunda guerra.
-Eu geralmente usaria a fumaça que minha Shadow produz para aniquila-los mas como o maldito do Shinya resolveu se hospedar lá eu não posso fazer isso.
Com um movimento rápido, uma língua escura e imensa, similar a de uma cobra porém com apenas uma ponta se manifesta atrás de Chiyoko e começa a simplesmente absorver as latas de veneno para dentro de sua carne escura.


-...
-O que é? Não me olhe assim você achou mesmo que eu ia pagar?

-Mais de uma semana de jogo e você ainda não aprendeu invocação parcial e absorção?
-Riki você me desaponta.
Ela diz, segurando na mão dele e levando o garoto para outra ala, uma contendo um monte de pacotes de doces, chicletes e chocolates no qual ela realiza o mesmo processo de fazer sua Shadow simplesmente sumir com os produtos.



-E você é que tem que me responder algumas coisas Riki...
-Você está pronto pra matar alguém?

Ela pergunta enquanto se abaixa e pega uma latinha de Drops, olhando para ela com um senso de nostalgia.
-Eu não estou falando isso para mexer com você ou tirar uma reação sua como faço geralmente... Nem sequer vou olhar pro seu rosto, então me responda... Você está? Apesar de sua atitude de quem quer salvar todo mundo e garoto bonzinho eu sei que você não é inocente e bobo, mas eu não sei se você tem o que é preciso pra tirar a vida de alguém, não é como matar um Shadow Body.

Riki:



-...
-Eu podia falar que eu vou matar você por ser rude assim comigo ou algo do tipo mas já passamos desse ponto, Williams.
Chiyoko abre a latinha de drops e despeja um em sua mão antes de por um docinho de cor vermelha na boca.
-Eu já vi que não dá para mudar você para meus gostos, mas nunca foi minha intenção... A maioria dos Undeads "quebra" após um tempo no jogo, eu já vi muitos como você e todos eles chegaram num ponto onde eles... Passaram de seus limites mentais.
-Eu não quero ver você quebrando, você é mais forte que isso eu acredito mas acho que tem certas coisas que você não pensou a fundo sobre.
Chiyoko suspira e começa a andar para fora do mercado fazendo um gesto para que Riki a siga, ninguém realmente reparando com uma garotinha saindo sem pagar com uma latinha de drops.

A velha continua quieta por um tempo, parando para olhar ela de longe qualquer um que ela é apenas uma garotinha comum, juntos ela e Riki parecem um casal de irmãos.
Chiyoko só para de andar quando chega numa pequena ponte curvada sobre um córrego.

Ela se senta na cerca de proteção e come mais um drop, então ela oferece um sabor uva para Riki.

-Eu queria dizer que sinto muito sobre seus companheiros... Mas eu estaria sendo desonesta.
-Mas eu também não quero que você pense que eu sou fria e niilista cem por cento do tempo, eu com certeza deixei minha humanidade para trás, mas deixa eu te contar uma historia pessoal.
-Isso aconteceu tem uns vinte poucos anos, após muito tempo sem ver minha família eu voltei a casa onde eu vivi minha vida inteira, porém quando eu voltei e perguntei o que tinha ocorrido com os antigos donos, eu recebi a noticia de que meu pai havia morrido há uns anos já e que minha mãe estava no hospital e em seu leito de morte.
-Eu deixei a casa, ignorando as perguntas confusas de uma mulher adulta que era minha irmã mais nova por trinta anos e fui a procura de onde minha mãe Fujisawa Tomoyo, estava internada.
Chiyoko faz uma cara um pouco triste.


-Eu vi minha mãe de novo, depois de mais de cinquenta anos. Ela estava irreconhecível, cabelos brancos, enrugada e cheia de manchas, conectada a um monte de aparelhos.
-Eu me aproximei dela, segurei sua mão e ela acordou, me olhou nos olhos e...
Chiyoko pausa.
-Riki eu não sei se eu consigo lhe explicar em palavras a expressão que ela fez, ou o que ela podia estar sentindo.
-Eu não consegui naquela época e eu não consigo hoje.
-...
-Minha mãe fez um carinho em meu cabelo, segurou meu rosto e teve uma parada cardíaca, ela morreu ali, sem me dizer nada.
-Essa foi a ultima vez que eu chorei.
Chiyoko suspira e dá um pulo de volta para a ponte.
-Essa não foi uma historia pra você sentir pena de mim ou ficar triste, eu não mereço qualquer perdão... Mas isso foi só pra que você perceba que eu não sou um monstro sem sentimentos.


-Claro eu ainda SOU um monstro... Kyeheheh.
Ela dá uma risadinha.


-Mas como eu disse antes, Riki. Eu joguei minha humanidade fora tem muito tempo e se você quiser continuar nesse jogo, se você quiser ter o poder pra proteger todo mundo que você ama, que ninguém mais no seu grupo morra, isso é algo que você terá de fazer.
-Se você quiser ficar forte o mais cedo possível para que você cumpra tudo que eu previamente disse, só há uma maneira:
-Você tem que sacrificar outros... Eu digo isso Riki... Porque eu te considero um amigo.

Achievement Unlocked:
[X] Faça Amizade com a Chiyoko.

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Akira:

Se afastando do local Akira anda um pouco por Tokinomiya, porém algo interrompe sua caminhada pacifica, um terrível cheiro que ele conhece.

O cheiro de lixo ambulante, ao longe ele consegue ver o garoto que é mais uma força da Natureza do que um ser humano, ele parece estar procurando por ele... Talvez ainda dê para fuj-
-OY!
Tarde demais.

Reiji se aproxima, dando uma corridinha até o rapaz, Undeads são supostos a não ter cheiro nenhum então como ele sempre cheira a chorume é um mistério.


-Ei cara, eu tava indo pra casa da peituda almoçar né mas quando eu cheguei lá só tinha um monte de escombros, parecendo até que explodiu tudo...
-Ela tá legal? E o pivete?

— Eles estão mortos. Morreram durante o jogo.



— Não tem um jeito melhor de descrever isso, mas é o que aconteceu, a casa foi um erro de cálculo de alguém muito burro com muita força, o que fez a Rainbow Squad ficar atenta e na nossa cola agora.



— Tsc, não posso chamar outro undead em casa com aqueles putos de olho na gente, mas tu tá com fome né? Escolhe onde tu quer comer, eu pago, sei lá.

Riki pega a bala de uva, quebra ela com seus dentes sem pensar muito

Riki olha pra frente por uns segundos em silêncio.

Akira:
Assim que o garoto escuta as palavras de Akira o sorriso some de seu rosto.

-...
Com um movimento rápido de seu braço esquerdo um enorme punho surge e soca um carro com tamanha força que o veiculo basicamente se dobra ao meio em volta da mão de LIFEKILLER2000. Após este pequeno extravasar de emoções Reiji dá um rosnado e olha pra Akira.


-Eu perdi a fome...
Ele balança a cabeça.


-Como que isso rolou? Morreram os dois? Na mesma noite? Foi um Shadobodi muito forte?
-Eu odeio esses bichos.

Riki:


Chiyoko para por um momento.


-Ótima pergunta Riki... Eu até diria que são as memorias de minha infância mas honestamente eu considero a Chiyoko humana um tanto patética... Você se importa se eu tomar um tempo pra pensar sobre? Enquanto isso venha comigo, eu ainda tenho coisas que eu quero achar.
Chiyoko começa a andar novamente, parando só para olhar vitrines de lojas e as vezes soltando um comentário ou outro, finalmente ela entra em uma loja de construção e rouba umas latas de tinta verde marinho, antes de sair da loja porém ela para e olha para cima como alguém que teve uma ideia ou se lembrou de algo importante.



-Riki eu lembrei de algo no qual eu guardo com bastante carinho em meu peito... Eu sei que isso vai soar meio genérico mas... Eu gosto de minha família.
-Claro eu não posso ver eles e a grande maioria deles nem sabe que eu existo... Mas me deixa contente que meus pais conseguiram constituir uma família após minha morte e desaparecimento.

Chiyoko dá um sorriso, supreendentemente é um sorriso sem malicia por trás, naquele momento ela parecia apenas uma criança como qualquer outra.


-E eu tive uma ideia... Acho que eu consigo te ajudar....

Mas...

Spoiler: