[Second Wind] Parte 2

Ela abaixa os braços.

- Obrigada, melhor aqui que lá fora.

Daisuke leva uma surra de Kazuko, recebendo a notícia que a morte dos pais de Akira foi culpa dele. Afinal, se ele não tivesse comprado a briga, nada disso teria acontecido. Novamente a culpa era toda dele. E antes mesmo, que ele pudesse responder qualquer coisa, ele toma um soco na cara por Akira.

"Eu mesmo vou te matar"

Por mais intimidadora e impactante fosse a voz de Akira, Daisuke sabia que ele merecia aquilo.



- Williams-kun, agora você entende como eu já sou o elo quebrado da corrente? Vocês serão mais fortes e unidos, sem mim. Akira e Kazuko-san, me odeiem o quanto quiserem. Eu não me importo. Mesmo que vocês queiram me matar, eu ainda vou estar lá pra proteger vocês.

Daisuke se levanta limpa a poeira na sua roupa.

- Obrigado pelos socos. Me fizeram perceber uma coisa.

Que eu já estou morto. Ser um Undead realmente é ser um morto-vivo, eu me sinto morto por dentro e por fora também, a única diferença é que eu não posso morrer por métodos humanos. É uma maldição. Até na sua segunda chance, eu fodi com tudo. Se Akira-san me matar, seria na realidade uma bênção, a justiça divina. Na realidade, na minha vida nada mais importa, afinal qual é o sentido de tudo? Por que ir pra merda da escola? Por que ter medo de ir pra prisão? Por que me redimir por Akira ou Yoko-chan? Eu sempre carregarei essa culpa, ou trarei ainda mais. E nada que eu faça possa mudar isso. Além disso, eu não sou mais humano. Agora, eu sou um Undead, e deveria viver como tal.

- Vejo vocês amanhã, bom trabalho hoje.

- Antes que eu esqueça. Ai, tem como você trocar Jazz Hands por essa Shadow nova? Obrigado.

"..."

O time... vai ficar bem...?

Sinto muito pelo que você passou, Akira


Mas você não vai matar ninguém desse time. A gente tem problemas mais importantes que isso.
A não ser que você ache que o Daisuke fez o que fez justamente pra que você, Akira, tivesse um familiar atacado.


E Daisuke, melhorar também envolve encarar as consequências dos seus atos, mesmo que não seja realmente justo.
Isso não tem que ser nenhum símbolo besta de que tudo vai sempre dar errado.


Isso tudo é um saco... Ia começar a dar certo, aaaaaaargh!!!!!!

Riki Williams sente que está chegando perto de seu limite

Akira só decide não responder Riki, apenas respira fundo, levemente irritado.

Pochi observa Daisuke voar para o outro lado da sala, o que era uma coisa que ele já estava acostumado a ver. Porém, dessa vez algo parecia diferente. Ele perdeu completamente toda a luta na Kombini, sabendo apenas que Daisuke havia fugido da luta, sem saber todos os outros detalhes. Ele ficou olhando para ele, pensando sobre o que o futuro tinha em mente para ele. No fundo de sua mente, ele tinha um pressentimento que ele não estava seguro.

Foi então que Kazumi o fez aquela pergunta, a qual ele só podia responder honestamente:


Eu... Eu me sinto ok, eu acho.


Mas eu também sinto que... o time vai ficar bem. Assim como o Tio Daisuke

Jazz Hands->Backbiter


"......."
Ai bate suas duas palmas, seus corpos lentamente se dissipando.


Apesar dos conflitos, brigas e socos... Vocês continuam vivos, no final é isso que importa.


Vocês acordam exatamente onde haviam parado ontem, no caso de Hibiki na casa de Aiko, hoje é segunda feira dia 22 de abril as seis horas da manhã, significa que para quem tem que estudar (ou pelo menos liga para isso) deveria estar no colégio no máximo as oito e quarenta e cinco.
Porém o que importa nesta vida são as escolhas que você faz, então eu te pergunto...


O que você vai fazer hoje?

Eu vou pra escola ué?
Otário da porra, deve ter nada pra fazer, fica lançando essas pergunta bunda, tomar no cu


Riki dá uns socos no saco de pancada, de leve. Tanto pra extravasar frustração, quanto pra treino mesmo.

Ao se sentir melhor, ele pega o celular e manda uma mensagem para Kazumi

Yo, antes que eu me esqueça, preciso conversar contigo quando estivermos na escola.

Pochi inicia sua manhã como todas as outras, sonolentamente andando pro banheiro, lavando seu rosto pra acordar de verdade e então se junta a Kazumi para tomar café.

Fabão Rosão escreveu:
"Ah, sim. Pochi-kun, o que você vai fazer hoje?"

Hm...

Ele poe a mão em seu queixo, pensando por alguns segundos.


Bem, es sei que você e a Tia Jurieta vão sair para ir a escola, então vai ser o primeiro dia em que eu não vou poder ficar com vocês. E, bem, essa coisa de "fazer o que eu quero fazer" é meio nova para mim.



Então o quê eu devo fazer, Tia Kazumi?

Aiko se encontra de novo em seu quartinho. As últimas 24 horas não apenas foram umas das mais exaustivas de sua vida, mas também umas das piores.

Ao perceber que estava lá de novo, ela apenas solta um grande suspiro, como se tivesse acabado de terminar uma corrida.



"Eu só quero paz...."

Ela olha para o lado e percebe que Hibiki voltou com ela.



"A-Ah!! Hibiki, v-você voltou aqui também?!"

O susto logo se torna alívio, tanto de não estar sozinha, tanto de que ela não estava sozinha com um cara semi nu.



"Que... noite, né..? Você tá bem..?"

Era muita coisa que aconteceu para conseguir absorver de uma vez só, e ela nem sabia por onde começar, mas tinha que tentar abordar todo aquele caos de alguma forma.

"Eh? Ah, sim, eu estou melhor, só espero que a Sasaki-san me avise antes de fazer aquilo de novo."

Hibiki estremece um pouco pensando em Kazuko, não por gostar da dor, só de medo dela mesmo.


"E, sim, depois de fazer o que você me pediu eu voltei pra cá pra lavar o banheiro e as roupas."

Hibiki aponta para uma pilha de roupas dobradas com cuidado ao lado da cama.


"Falando nisso, você está se sentindo melhor, Kaoru-san?"

Os olhos de Pochi começam a brilhar.



OH! OH! É CLARO QUE EU GOSTO! É o que eu mais gostava de fazer, eu ficava lendo por horas e horas até meus pais descobrirem que eu não estava estudando e brigarem comigo e me trancarem no meu quarto só com livros de matemática, física e economia!!! Por quê a pergunta, Tia Kazumi?

"Oh.... Obrigada."

Ela fica olhando para a pilha de roupas por um instante.



"Eu não sei se estou melhor. Eu não sei como estou. Só está... só está tudo.. tão confuso. Tão horrível."

Aquela manhã no beco, a luta na Kombini. Daisuke não apenas colocando todos em perigo em prol da segurança dele, mas admitindo um erro horrível de seu passado. O pai de Akira.. sofreu um acidente? Riki disse aquele discurso sobre união, mas ainda sim, tudo parecia estar caindo aos pedaços. Ele tinha toda razão, então por que estava tudo indo tão errado? Akira e Kazuko pareciam que iam com certeza ferir ou até... matar Daisuke.



"Riki-kun está certo, a gente.. a gente não pode... não podemos de forma alguma nos desunir, mas... Por que isso tudo está acontecendo? Hibiki..."



"...o que você acha do Daisuke...?"

"Ele é a escória desse mundo, obviamente."

Hibiki responde sem hesitação.


"Enquanto ele estiver vivendo pra pagar pelo que fez eu acho possível conviver com ele, mas devido a tudo que ele fez, é mais possível que ele morra antes de conseguir se redimir por qualquer coisa."


"Dentro do jogo eu acho que o que Williams-san disse é correto e devemos nos manter unidos, mas fora dele, eu não me associaria ao Yoshirou a não ser que fosse extremamente necessário."

NOSSA!!! NOSSA!!! ISSO É... ISSO É...


É...


Uuuh... Tia Kazumi.

Pochi começa a coçar sua nuca.


Eu... meio que já li todos esses. Hihihi.


Menos esse aqui. Ele parece interessante. E longo.

Ele aponta para "A Bruxa do Tabuleiro"

Então eu vou começar agora mesmo!


...

Tia Kazumi, eu posso te perguntar uma coisa?

Ela senta na cama e se apoia nos joelhos, pensativa.



"Hmm..."

Ela lembra vagamente das notícias quando escutou a confissão de Daisuke. Ela lembra de ter visto em algum lugar da internet. Yoko havia cometido suicídio. Na sua carta, ela disse que sofreu abuso físico, psicológico e sexual por muito tempo.

Abuso.

Daisuke também disse que ela era parecida com Yoko.

"Sabe, eu queria que... eu queria que todos fossemos amigos. De verdade. Eu sei que é algo muito patético de se dizer, mas, eu nunca tive um grupo assim antes. Eu estava me divertindo bastante. Ugh, eu me sinto muito estúpida dizendo essas porras. Mas... é."



"Mas se o que ele fez foi verdade... se ele é do jeito que é... eu não sei se eu quero... continuar sendo... amiga dele. Eu achava que éramos bastante parecidos também. E quando ele ficou se culpando tanto, foi tipo... eu também me sinto assim e aí...."



"Eu não sei. Espero que eu não seja hipócrita ou algo do tipo. Mas eu não.. quanto mais eu penso, menos eu consigo perdoar ele. Só.. não dá. Não depois de ontem."

Lágrimas vem de novo, mas ela segura forte para que não sucumba a elas. Era difícil de engolir, mas, mesmo sendo alguém que ela já considerou mais próximo, nem sempre dá pra todo mundo ser feliz e amiguinho. É um certo choque, mas também vem como uma sensação de familiaridade. Parecido com sua época de ensino fundamental. Fazia um tempo que ela não se decepcionava assim. Já como ela se sente sobre os outros... tudo a seu tempo. Ela levanta a cabeça, levemente chorosa.



"P-pelo menos eu posso confiar em você, Hibiki..."

Akira reaparece no hospital, onde ele tinha ficado a noite toda antes de ser chamado para a sala, ele não precisava dormir, então ficou no local por muito tempo, na sala de espera, inquieto a todo instante. Ele olha a hora e percebe que tem de ir para a escola... Ele hesita por algum instante, simplesmente ir para escola enquanto seu pai se encontrava entre a vida e a morte?

Spoiler:

- Tch.

O rapaz respira fundo e caminha para fora do local, caminhando solitário para sua casa, ele pega o celular e manda uma mensagem para Kazuko.

Olhosfechados escreveu:

Obrigado pelo dia de ontem e por mais cedo com aquele cara. Acho que só um sorvete não vai compensar o que você tem feito por mim, quer sair uma noite dessas? Em qualquer lugar que tu quiser, eu pago tudo.

E então ele segue seu caminho até que uma moto passa por ele e intervem em sua passagem.



- O que caralhos?

- É assim que você diz oi para um velho amigo?

O rapaz tira o capacete e a visão é uma surpresa para Akira, um rosto de sua antiga vida, seu antigo companheiro.



- Takeda?



- Sentiu saudades? Tava dando umas voltas agora que tô em liberdade e vi um rosto familiar e decidi dar um oi. Por que essa cara de cu?



- Um lance ai...



- Hmmmm, certo. E onde você tava indo? Eu te dou uma carona.



- Indo pra casa, me trocar pra ir para o colégio.



- Então agora você estuda huh? As coisas realmente mudam... Bora lá, me mostra aonde é.

Akira sobe na moto e coloca um capacete, durante o caminho, ele e Takeda conversam sobre as coisas que aconteceram durante dois anos que ele não se viram.



- Você na escola de riquinho fodido? Aquela que não tem nenhuma menina? Hahahaha essa porra deve até ter feito seu pinto diminuir.



- Vai tomar no cu.



- E essa sua casona hein? Você realmente se deu bem pra caralho enquanto eu me fodia naquele reformatório fodido.



- Você sabe que não é simples assim...



- Eu tô ligado, mas saca? Eu ainda tô meio que fodido, ainda mais depois que você foi roubar uma casa e sumiu. Eu sai e os caras vieram me cobrar direto. Mas é bom saber que você tá bem... Muito bom... Bem, anda logo pivete, aposto que você não quer demorar pra ir pra sua escola de viadinho.