[Second Wind] Parte 3

Eu quero que ela morra o mais cedo e da forma mais anticlimática possível. No momento que ela ousou pensar em cometer algum crime à Jurieta, foi o momento em que minhas suspeitas todas tomaram forma sólida: eu vou matá-la. Simplesmente isso, eu vou matá-la. Quando ela morrer, há a chance de Akira-san e de mais algumas pessoas ficarem tristes por perderem o alívio cômico do time, mas eu não poderia me importar com isso.

Bem, não posso mentir. Eu ainda amo Kazuko-chan. Ela é, e sempre será, uma amiga queridíssima pra mim; porém, prioridades são prioridades. Se qualquer pessoa ao menos OUSAR em pensar que quer machucar a Jurieta, vai morrer nas minhas mãos. É inevitável. Tudo que você construiu de belo na sua vida, todas as suas relações afetivas vão ser arrancadas de perto de você enquanto eu vou e roubo a sua vida do seu corpo na frente dos seus olhos.

É isso que eu vou fazer com você, Kazuko-chan. Você adora se mostrar, não é? Você não é sempre o centro das atenções, mas quando é, você aproveita e adora. Isso é ótimo. É exatamente disso que eu preciso para garantir que sua morte seja a mais tediosa possível. O maior problema é Fairy Lily ter obtido aquela nova habilidade que faz ela negar um dano de alguma coisa, mas essa barreira é surpreendentemente fácil de se perfurar.

...Mas é aí que vem a parte chata. Eu tenho que dar um esforço extra pra garantir que tudo dê certo... E Kazuko-chan não é alguém que vai cair em só qualquer coisa idiota que eu jogar na frente dela. Fueeeee... Que saco. Pra quê que serve esse meu poder novo se pessoas como ela também tem acesso a ele? Que idiotice. Já disse antes e repito... Quem criou esse jogo é um belo de um imbecil que merece morrer.

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Na verdade, vou parar de pensar um pouco na Kazuko-chan por agora. Eu quero pensar agora somente sobre... O jogo. Como que ele está indo, quais os fatores que estamos lidando, e qual a melhor forma de lidar com tudo. Além disso, tenho que analisar o que aprendi hoje com Akira-san e Pochi-kun e aplicar na situação atual; afinal, como comprovado, Akira-san é uma peça importantíssima, e Pochi-kun também é se a atitude dele for controlada mãos certas.

Vejamos... Primeiro, Akira-san tem conhecimento de tudo e parece não ligar para as atitudes de Kazuko-chan, o que é bom. Ele é independente e, acima de tudo, justo, o que é perfeito para se manter vivo no jogo. Segundo, se a maldita da mãe do Pochi-kun não tivesse aparecido na droga do mercado, o coitado do menino não teria ficado a um pulo de destruir a minha casa. Ele não merece nada, nada disso. Ele é uma vítima que, ao ser introduzido a um mundo inteiramente novo, não vai conseguir de imediato deixar de lado sua vida antiga, e vai aplicar aspectos dela - positivos ou negativos - no que vier a ser mais apropriado de acordo com ele próprio.

...E é aí que vem os ensinamentos da Bruxa do Tabuleiro. Ele não pode ir e, simplesmente, jogar sua raiva num lixinho de rua qualquer e ir embora. Não é assim que funciona. Ele vai ter que viver com essa raiva pro resto da vida dele, e querendo ou não, vai ter que se adaptar a ela. Sua Shadow é ridícula de forte, sim; mas a que ponto isso vai ir além da cabeça dele? A que ponto isso vai, simplesmente, custar a sua vida? Pochi-kun precisa conviver com sua raiva que nem eu. Ele pode ter cometido o gravíssimo tabu de causar a morte irreversível a outrem, mas ainda assim, ele vai ter que...

...Hm?



Espera, calma.

"O gravíssimo tabu de causar a morte irreversível". O que é que eu quis dizer com isso? Veio de forma tão natural na minha cabeça que eu quase ignorei ela por completo. Primeiro, é evidente que matar alguém é um tabu em qualquer sociedade que se preze como coerente; privar alguém de viver é, não importa como, um pecado gigantesco. O ato de viver é diferente para todos; não importa se sua relação com a vida é decente ou deplorável, se alguém removê-la de suas mãos, você nunca mais vai poder tê-la novamente.

Agora... A palavra estranha da frase... Irreversível. No contexto do jogo, faz sentido. Provado pelo surgimento de Yasushi-kun após a morte de Daisuke-kun: quando há uma vaga a ser preenchida, alguém precisa morrer e logo voltar a vida. Se, por exemplo, Yasushi-kun foi escolhido dentro de um grupo de 10 pessoas, as outras 9 pessoas sofreram uma morte irreversível. AI-chan provou para mim que o conceito de inferno e paraíso não existem, o que faz com que minhas suspeitas que não há como seres vivos normais entenderem morte seja certo... Tirando a administração.

A administração... Faz possível com que ocorra a morte reversível. Então...

...Espera, aonde é que eu estou indo com isso? Que inútil. Eu tenho que...

...Não, não, não! Continue pensando! Kazumi, você provavelmente está chegando em algo fantástico! Quando você elimina o impossível, o que restar, não importa o quão improvável, deve ser a verdade!

Vamos lá... Kazumi! Pense! A administração faz possível com que a morte seja reversível, mas e daí? Relacione isso ao jogo. Como que isso pode influenciar o jogo? De que forma uma morte reversível poderia ser aplicada no jogo, do jeito que ele está agora?

Ambos Times A e B inteiros foram sujeitos à morte reversível de forma aleatória. Sim, isso é um fato, ou seja, não pode ser negado. A reunião de pessoas escolhidas pela morte reversível, dependendo de quais são os escolhidos, é inevitável. As pessoas reunidas possuem histórias, personalidades, objetivos e questionamento pós-causa mortis completamente diferentes um do outro. O questionamento natural sobre o pós-morte é o que mais afeta a atitude de alguém a respeito do jogo.

O jogo é executado de forma perfeita quando todos os membros do time conseguem atingir seus respectivos objetivos; pode ser continuar sendo Undead, ou voltar a ser humano, ou algo diferente. Dependendo das propriedades inerentes que vem de cada pessoa, a chance do jogo perfeito acontecer aumenta ou diminui. O jogo perfeito não pode mais acontecer, visto que Daisuke-kun morreu. Dito isso...

Deve acontecer o jogo em que a maior quantidade possível de pessoas ganha.

E lembrando, isso tudo é produto da morte reversível. Isso tudo é... Um jogo de probabilidades. No Time A, a existência de Pessoa A vai afetar a existência de Pessoa B, que também afeta Pessoa C; e claro, isso também vai afetar as pessoas do Time B em - um grau menor, pelo menos -, que em troca, se afetam e afetam as pessoas do Time A. No fim do dia, todo mundo bate com todo mundo.

Agora, pegando essa situação e girando ela pro outro lado... O pior que pode acontecer... É existir alguém que reduz gravemente a chance de vitória. Não, não... É possível que exista alguém que simplesmente destrua as chances do Time inteiro de ganhar. Eu consigo facilmente reconhecer que a chance disso acontecer é minúscula, mas... Não é impossível. A combinação de história, personalidade, objetivo e questionamento pós-causa mortis de alguém pode ser o bastante pra destruir a chance de todos de ganhar.