[Second Wind] Parte 2

"......."



"...EEH?! E AGORA? TUDO BEM MESMO EU IR? Nossa eu não sei se tenho roupa pra isso, huh... é longe? S-seu pai não vai fica com a ideia errada?! Realmente não tem problema? O que eu visto? Como eu falo? Eu deveria trazer um presente?! Uhh acho que posso ter algo decente pra vestir que não sejam roupas de Hikkikomori que eu uso quase todo dia uuuuhhhh"

Ela para um momento e olha para o seu computador.



"D-deixa... deixa eu só avisar minha mãe...Ela estava preocupada comigo e não consegui falar com ela direito esses dias..."

> Aiko escreveu:
Mãe não vai dar pra falar contigo hoje. aconteceu uns problemas com um amigo meu. falo contigo amanhã.

Após um tempo, ela recebe de volta:

Kaoru Mia escreveu:
oh, vc fez amigos novos na escola, finalmente?

Ela olha a mensagem irritada e ignora ela completamente, voltando a olhar para Hibiki. Algumas outras mensagens entram, mas ela não as vê.



"..de qualquer forma..."

Ela corre até o roupeiro, e cava suas pilhas de roupas para conseguir encontrar alguma coisa.

Durante o resto da tarde, Kazumi trabalha no Udonzão enquanto Hibiki e Aiko escolhem um celular para a garota.
Aiko acaba comprando com a ajuda de hibiki um Samsung Galaxy A60, pelo preço de 30 mil ienes.

Spoiler:

O Celular chega no mesmo dia, as dez horas.


E a noite cai sobre Tokinomiya.

Em algum lugar, Polly está sendo hétero.

Raise the hair on your neck. Tune in to the city

Uma menina lê um livro pra uma criança pequena.
Duas moças flertam num restaurante movimentado.
Vários trabalhadores avaliam o estado de uma loja de conveniência destruída, para levantar outra no lugar.
Policiais conversam sobre um relatório estranho de um banco roubado.
Milhares de pessoas seguem suas vidas sem saber que um bando de adolescentes vai matar uma criatura de existência impossível dentro de algumas horas.

Stetch your mind muscles, bro!:

Está chegando a noite e Riki Williams está definitivamente fazendo alguma coisa. E esta coisa definitivamente está sendo feita no quintal de sua casa, à céu aberto.

Depois de cansar de anime, Riki começa a pensar nas capacidades de seu novo corpo e decide testá-lo de além de força bruta.
Agilidade e destreza também são importantes em batalha, e a bananeira em uma mão em cima de uma bola de pilates demostra que seu equilíbrio sozinho poderia colocar ele no lineup principal do Cirque Du Soleil.

............

Talvez ele nem queira terminar o jogo. Nessa posição e estado meditativo, começa a parecer interessante só desfrutar de seus poderes, se tornar experiente e ajudar equipes mais novas, tipo aquele integrante do Time A que tá jogando a anos, se é que ele/ela realmente ajuda alguém, sei lá. Ou tentar fazer seu corpo parecer mais velho e se tornar o maior lutador de MMA do planeta, algo que seu pai realmente amaria ver.

Tantas possibilidades...
Mas independente dele continuar no jogo ou sair dele, uma coisa não iria mudar: Seu conhecimento sobre o jogo.
Será que daria pra virar as costas à tudo isso e deixar que mais crianças sucumbam sem fazer nada?
Poder trás responsabilidade, mas... Desistir do poder realmente o isentaria dela?

Tudo isso era muito novo, sua nova vida, a rotina de extermínio de shadows... Pensar num geral... Sobre... Coisas... Mas até que é legal esse novo exercício com a mente. Energia ilimitada espantava qualquer exaustão mental, e mesmo esforços não-físicos começam a parecer um pouco mais fáceis. Talvez ele possa até tentar ler um daqueles livros mais complicados que a Kazumi gosta, agora que ele não sente mais sono.

Esses assuntos serão arquivados por enquanto, tá muito cedo pra conclusões sobre... Literalmente qualquer coisa.
Vai rolar muita merda até que tudo esteja sob controle. Claro, considerando que esta é uma possiblidade.

Riki permanece em sua posição até a hora do teleporte

Ouço todas as palavras de Kazuko-chan atentamente.

...Ah, eu queria rir tão alto agora agora. Já faz um bom tempo que não sinto tanta graça de algo, mas eu não posso deixar que a Kazuko-chan se sinta mais ofendida do que o necessário.

Kazuko-chan, Kazuko-chan, Kazuko-chan...

Você não sabe nem 25% dos fatos sobre Kazumi Kawano.

Com gentileza em cada um de seus movimentos, Kazumi Kawano movimenta-se para fora do abraço de Kazuko Sasaki, afastando-se por inteiro de sua amiga. Ela continuou caminhando para frente, não virando suas costas por um momento; seus passos eram leves, mas seu peso ainda era tão grande quanto o peso de uma rosa branca.

O vento noturno esvoaçava pelo estacionamento. Kazuko Sasaki, por um breve momento, poderia visualizar ao redor de Kazumi Kawano um gigantesco campo de rosas brancas; estas gélidas e mortas. No meio do campo imensamente populado, era facilmente visível a atração principal do campo: a flor mais morta de todas.

A flor, em nenhum momento, desejava que sua característica principal - sua morte - seja escondida. De fato, ela própria abraça sua fatalidade; afinal, sem ela, a flor não seria o que ela é hoje. Da mesma forma que vasos quebrados não podem voltar a ser o que eram antes, flores desfolhadas jamais podem voltar a ser o que eram antes.

Um momento etéreo. A flor, parecendo tomar uma forma angelical, finalmente se mexe. A flor, antes apenas morta, finalmente provou ser, como a trágica ironia do destino nomeou, "Undead".

E logo, a flor- Não, o anjo finalmente começa a falar.


"...Fufufu. Minha nossa, Kazuko-chan. Você tem prestado atenção nas aulas desde que virou Undead? Acho que essa foi a coisa menos inteligente que já ouvi você falando nesses últimos dias... Não, nos últimos meses. Eu me preocupo com seu desenvolvimento, sabia?"


"Mas claro, não se esqueça que, além desse jogo, você é minha amiga! Então, vou te dar uns avisos. Eu já sou experiente em xadrez faz um bom tempo; imagino que uma iniciante como você queira umas dicas. Logo, não se preocupe, que a Tia Kazumi vai te ajudar com umas dicas."


"Dica #1: Primeiramente, pensar que xadrez não é uma guerra é um terrível erro de iniciante, você tem que mudar esse pensamento pra ontem. Dica #2: Pegar Akira-san como uma peça não é um movimento tão inteligente quanto você pensa. Dica #3: Minhas razões de continuar a viver ou morrer nunca diminuíram nem aumentaram, elas continuam a mesma desde sempre. Dica #4: Ruptura do Time B é psicológica ou física? Por que se for física, você vai ter que matar praticamente todo mundo do time. O mesmo se a ruptura for psicológica."

"E agora, Kazuko-sama..."

Uma que você vai ter que pensar bastante para entender...

"Minha quinta e última dica..."


"Eu adoraria conhecer Romeo algum dia."

...

O campo florido finalmente some. O estacionamento volta a ser o mesmo lugar de sempre.


"Algo mais ou já acabamos? Tenho que fazer algo agora."

Kazumi pega sua moto e chega nas redondezas daquele local escuro, não era a primeira vez que ela iria então ela já sabia onde tudo aquilo ficava e estaciona sua moto no local de sempre, não que desta vez ela vá precisar procurar muito já que sua visão de Undead a deixava enxergar no escuro bem melhor agora.


Tudo que resta é pegar o caminho de sempre.

Kazumi punha-se a escrever a sua mais nova obra prima naquele local, talvez a calmaria da natureza e o isolamento te trouxesse inspirações, porém ela sentia uma presença no local, como se um predador a estivesse encarando de longe, mas por que ela se preocuparia se algum animal selvagem estivesse mirando para seu pescoço, afinal ela era um Undead e nenhum animal que seja poderia ir contra um Shadow.

Exceto que aquela presença, assim como ela claramente não pertencia ao mundo das criaturas vivas, porém maior e muito mais forte.

Kazumi olha na direção onde ela sente a presença o mais forte apenas para ver dois pequenos olhinhos brilhantes a encarando.


Assim que os dois seres se encaram por um tempo, o maior deles saia das sombras.
Para a surpresa de Kazumi este ser maior e mais poderoso não aparentava ser mais nada além de uma garotinha de onze anos de cabelos azuis escuros usando um vestidinho branco adorável e levinho.
Claro tudo aquilo era um imenso contraste contra toda aquela floresta negra onde não se podia ouvir nada além do vento e do canto das cigarras.

A garotinha vai dando alguns passinhos para frente, especificamente três, até que sua imagem se torna bem mais clara.


"Você finalmente me viu..."
"Pena que você teve que morrer pra isso."
A garotinha diz, porém sua voz não carrega um tom jovial, de fato sua fala era mais similar a de uma senhora mais velha, especialmente em como ela havia usado "waga." para referir a si mesma.


"..."
"Você sempre vem aqui, é irregular mas garantido, eu considero isso um evento curioso então eu venho te observando desde que você chegou aqui pela primeira vez..."
Ela então dá um sorriso, não um sorriso inocente de uma criança mas algo mais perverso.


"Pelo jeito que você sempre falou com o pobre coitado apodrecendo embaixo deste tronco... Essa pessoa não era uma das melhores não é mesmo?"
Ela diz, apontando para onde Kazumi está sentada.


"Não se preocupe, eu não estou aqui para julgar você, eu acredito que moralidade é algo inventado para seres patéticos que morrem fácil como humanos, então eu eventualmente joguei a minha fora... Mas ainda sim, eu tenho uma curiosidade natural sobre as razões para quais as pessoas vão ao extremo para conseguirem o que querem, então eu tenho que perguntar para você... E acho que você me deve uma resposta por fazer minha adorável montanha ficar fedida com este cheiro podre por várias semanas."
A Garotinha levanta sua mão direita e a deixa virada para cima em formato de garras antes de fecha-la com força.


"A pessoa enterrada embaixo deste tronco... Por que você a matou?"
"Foi por puro ódio? Talvez vingança? Ah... Talvez para consegui sua felicidade...? Vamos! Me conte, não existe um único humano aqui para nos julgar."
A pequena Undead afirma, o vento batendo em seu longo cabelo.

"Ahaha."
A bruxinha da floresta ri.
"Que história comovente, não exatamente original eu já vi várias Undeads como você... Mas boa o suficiente, eu sempre gostei de historias de vingança e sobrevivência contra alguém que lhe fez mal."
Ela diz, avaliando a historia de vida de Kazumi como se estivesse lendo um livro não muito original.
"Claro a grande maioria destas Undeads se vingou após conseguirem seus poderes, mas eu venho te olhando a um ano e da ultima vez que você veio aqui seu corpo ainda tinha vida nele."
"Honestamente? Estou um pouco impressionada, geralmente a policia do Japão pega alguém como você em um mês mas aqui está você, livre... Parabéns.
Ela bate duas palminhas, Kazumi não sabe se ela está sendo honesta ou se ela está caçoando de sua existência, ela então olha para onde o céu é mais brilhante, em direção a Tokinomiya.


"Me diga algo, Kawano Kazumi..."



"Pelo jeito possessivo de como você fala de 'Jurieta', o jeito que seu corpo reage quando fala a respeito de sua querida irmã claramente você tem uma certa obsessão com ela, eu imagino que isso foi agravado quando seu pai a danificou e o fato de ela ser com certeza sua unica família e irmã mais nova reforça esta sua necessidade de manter ela segura... Você faria qualquer coisa para garantir a segurança e felicidade de Jurieta... Sendo apenas uma garota adolescente e filha de um pai solteiro que claramente não levava uma boa vida você com certeza não deve ter muito dinheiro e provavelmente estuda no segundo colégio, que não é conhecido por ter os estudantes mais gentis do mundo... E como alguém que já matou um homem, eu tenho que te perguntar outra coisa:"
Ela diz, descascando Kazumi apenas com esta curta história como se fosse apenas mais um livro de milhares que ela deve ter lido em sua vida, qualquer coisa que Kazuko tenha dito não chegava perto daquilo.



"É este corpo embaixo do tronco apodrecido o seu único 'pecado'?"
"O que mais você fez para garantir a felicidade de 'SUA' Jurieta?"
"Se você me responder honestamente, tenho um favor que eu posso te oferecer."