[Second Wind] Parte 3

- Ah, sim, não se preocupar, eu vou ficar bem, tenho muito pra fazer.

Ela mal olha pra Akira, pegando o celular e mandando uma mensagem de áudio pro Enzo.

- Ei, você oferecer ajuda, eu estar em [endereço], vou começando sozinha.

Akira então decide ler um pouco o livro da Kazumi até dar o tempo de ir para a Sumeragi.

"Algum problema?"

Ai diz, se manifestando ao seu lado.

Ela suspira.

Sua garganta aperta, ela não consegue falar o nome dela, só.. não dá. Ela gentilmente pega a mão de Hibiki, lembrando da mesma forma que ele segurou a mão dela nos seus momentos mais frágeis.

"Aqui, minha anjinha, fica coberta. Pode ficar, tá? É seu."

Dou meu casaco pra ela se cobrir... Toda friazinha com esse vestido transparente, coitada.


"...Ah. Putz, acabei de perceber. Se você tá aqui, quer dizer que o que rolou ontem é tudo real, né? Que... Que bad. Bem, fazer o quê. Ainda tô com sono, então acho que isso me ajuda a lembrar mal o que rolou ontem."


"Bem! Aproveitando que tu tá aqui, me faz um favor? Me ajuda no meu exercício matinal? Eu quero que você fale a maior quantidade de fatos perturbadores, deprimentes e tristes enquanto eu treino minha concentração. Fala coisa pra me deixar triste mesmo. Me deixa BOLADO. Me faz CHORAR. Conta história que faz criança ter trauma pro resto da vida."


"Um, dois, três, vai!"

Pego minha rapieira e começo a girar ela que nem um absoluto maníaco usando minhas duas mãos.

Ai começa a citar pra Enzo logs de combate de noites aleatórias do jogo, historias de Vidas trágicas e atrocidades cometidas por Undeads que tanto já estão mortos a muito tempo quanto Undeads que saíram impunes e ganharam o jogo.

"Eu... Posso?"

Hibiki arruma sua postura um pouco enquanto ainda sentado no chão.


"Kaoru-san... Eu...Não sei descrever o que eu estou sentindo, eu nunca soube e agora eu..."


"Eu acho que eu estou triste e... talvez confuso, perdido, eu não sei em quem mais eu posso confiar."


"Obrigado por me deixar confiar em você..."

O garoto fica sentado abraçando seus joelhos, encolhido em seu canto.

Ela se ajoelha do lado de Hibiki.

Ela respira fundo.

Ai parece um pouco introspectiva.

"As vezes eu me pergunto como deve ser o real espectro das emoções humanas, a administração me permite apenas sentir elas em uma quantidade limitada, você deve ter notado isso durante a noite na sala."

Depois de ser transportado para a casa de Kazumi, Pochi ainda passa um tempo dormindo no sofá, aonde ele apareceu. Eram 8 horas da manhã quando ele acordou, se levantando devagarinho e um pouco confuso, pelo menos até ele lembrar-se que ele dormiu um pouco depois do grupo ter matado o Shadow Body.


...eu voltei.

T-tia Jurieta? Você está aí?

Pochi fala alto, esperando alguma resposta sem receber nenhuma. Ele vai para o quarto de Jurieta e vê que está vazio. Ele então segue para o quarto de Kazumi que nada mudou. O quarto ainda estava vazio e a janela ainda estava aberta, fazendo com que uma brisa leve entre.

Ele estava completamente sozinho.

Com um suspiro, ele vai em direção a cozinha, pegando duas ecobags, especificamente as edições limitadas do Garfield que Kazumi guardava com carinho. Ele então vai em direção ao seu quarto e vai colocando diversas coisas nelas. Seu celular, que estava em cima de sua cama, suas roupas extras que foram presenteados a ele por Kazumi e os livros de sua coleção. A Bruxa do Tabuleiro não estava lá, mas ele não precisava se preocupar com isso. Ele sempre poderia pedir emprestado a cópia que está com Akira.

Quando ele pega tudo que ele achava que precisava, ele vai para a saída. Antes de sair, ele olha para trás, observando por completo a casa que costumava ser o seu lar.

...:

Com outro suspiro, ele sai da casa, tranca a porta e, ao chegar na calçada ele novamente olha para a casa.

Uma sensação estranha surge em seu peito quando ele olha pra casa. Algo que ele não havia sentido antes. Ele começa a ficar um pouco tonto e a respirar de uma maneira muito forte e pesada.


...

A-AI, você... você pode vir aqui um pouco?

Pochi:

"Sim Pochi?"
Ai diz, se manifestando ao seu lado.



Enzo:

"Eu não tenho desejos, Enzo."

Unit DAN escreveu:
"Sim, Poc-"

Pochi larga as sacolas no chão, e antes mesmo que AI pude terminar de falar, ela sentiu ele rapidamente a agarrar pela cintura em um abraço forte, pressionando seu rosto contra o corpo dela. Ela conseguia sentir os pequenos braços ao redor dela tremendo como se ele o garoto estivesse morrendo de hipotermia. Ela conseguia sentir e ouvir os suspiros pesados e ofegantes que saiam da boca dele. E ela também percebeu Crying in The Devil's Arms se materializando perto da casa de Kazumi, com suas raízes sem hesitar enrolando-se em cada parte, entrando por cada janela, atravessando cada parede como se nada estivesse ali. Elas se enrolavam nos sofás, na televisão, em cada móvel e em cada cômodo da casa. As raízes pareciam ir cada vez mais rápido a medida que os suspiros de Pochi iam aumentando. Isso continuou por um minuto, mas que ele sentiu como se horas tivessem passados com ele ali parado.

AI conseguia sentir uma umidade aonde o rosto de Pochi estava pressionado, pois lágrimas começaram a sair sem parar dos olhos dele. Ela ouvia ele soluçar mais alto e a audivelmente chorar. Ao sentir os braços e as mão dele aperta-la com um pouco mais de força, ela vê a casa de Kazumi ser completamente destruída. Pedaços de parede rapidamente se transformavam em escombros e entulhos, que por sua vez eram atingidos pelas raízes novamente, tornando-as menores ainda até não restar nada lá. No meio disso tudo, AI conseguia ver um avental laranja ser completamente rasgado por raízes que se debatiam agressivamente em todas as direções.

Por mais incrível que pareça, as casas vizinhas não sofreram nada fora alguns leves arranhões. Os únicos vestígios que sobraram de que algum dia havia uma casa ali era os pedaços da fundação e uma fina camada de pedregulhos que as raízes não conseguiram destruir por completo.

Quando tudo se aquietou, AI conseguia ouvir e sentir batidas ritmadas que saiam do corpo do menino.

O coração de Pochi havia voltado a bater.


*sniff*

O-obrigado, Tia AI.

Enxugando suas lágrimas, ele pega novamente as sacolas e segue em direção a casa de Polly.

Pochi:

"...."
Ai apenas... Encara o garotinho, sem alguma reação.



Enzo:
Ai some no ar, deixando o casaco de Enzo cair pelo chão.

Hibiki se aproxima ao ponto de encostar em Aiiko

[
"Eu... Nunca fiz isso, digo, falar sobre o que eu to sentindo."


"Eu me arrependo de não ter falado mais com a Kawano-san, mas..."


"Eu me arrependo mais do que eu falei para Nakagawa Yasushi, ele tinha acabado de virar um undead e estava livre da Leucemia, ele fugiu do hospital e eu mandei ele voltar..."


"Eu devia ter deixado ele sair, eu devia ter deixado ele ver o por do sol naquele dia e... viver mesmo sendo um undead..."

"...oh. Não sabia que.. você tinha falado com ele. Eu não conhecia ele, nunca troquei uma palavra..."

Encostada nele, ela se aconchega mais um pouco, ficando ainda mais próxima.



"Mas.. não é sua culpa... não é culpa de ninguém... Tipo, você só se preocupou com ele, sabe? Meio que... foi só você tentando ser legal. Como que você saberia de uma parada dessas..?"



"..pelo menos ele conseguiu sair do hospital antes de morrer, e ver o mundo por aí mesmo que... só um pouquinho. Eu acho, pelo menos."

"..."

Hibiki fica silencioso por alguns segundos, pensando no que Aiko falou, vendo as partículas de poeira flutuando no sol da manhã.


"Kaoru-san... Eu acho que você tem razão..."

Hibiki suspira.


"Kaoru-san, você pode me dizer o que você está sentindo? Eu acho que assim eu poderia.... saber melhor o que eu estou sentindo."

Um turbilhão de pensamentos chegam de uma vez disputando espaço na mente dela. Por onde...começar....

Ela aperta com força suas roupas.

Lágrimas começam a surgir, mas ela limpa eles rapidamente.

Ela suspira profundamente enquanto olha para cima. Depois de pensar em alguns segundos pensando, com o rosto tenso com angústia. Do nada, ela abre os olhos como se percebesse alguma coisa e ela se vira para Hibiki, olhando diretamente em seu rosto.

Ela morde o lábio inferior. Seu rosto mostra antecipação, e sua angústia anterior parece ter diminuído.

"Eh?"

Hibiki percebe que Aiko está olhando diretamente pro rosto dele e então ele olha de volta.


"O que foi?"

Riki se sente melhor, e levanta do sofá, colocando Ai ao lado dele antes. Ele vai até a geladeira pegar algo pra beber

Ele olha para Ai, ainda no sofá

Ele pega dois pratinhos de vidro pra sorvete e então, volta pro sofá