[SUNQUEST]

Gamvra e Stary acabam de sair do que parecia, sentia e soava como um lago, além de perder sua companheira para o ataque de um cardume de peixes-tesoura.

Stary imediatamente se lembra de um fato importante, enquanto respira a alguns metros da borda do rio, junto de Gamvra...

Peixes-tesoura são conhecidos por perseguir suas presas até mesmo fora da água, o que pode ser facilmente reconhecido por...

Gamvra escuta um barulho vindo de dentro da água, então na pedra próxima da margem, um *plop* ridículo, depois outro, e outro, até o som individual de cada plop se torna indistinguível, o que vocês escutam agora se assemelha muito mais a um moedor elétrico, cada vez mais alto e se aproximando, o cheiro de sangue se mistura com o cheiro de água doce.

E agora?

Vocês começam a correr na direção contrária do lago, seguindo pelo caminho de tijolos gastos, o teto vai se tornando mais e mais alto, até um ponto onde não se é possível mais enxergá-lo.

O som continua seguindo vocês, porém, com suas pernas humanas é mais fácil se locomover do que sendo... bem, um cardume de peixes, e rapidamente vocês conseguem deixar os inimigos para trás, possivelmente pra morrer fora da água.

O caminho continua por mais alguns metros, e sem nenhum outro lugar pra seguir, vocês continuam em frente, fato que é acentuado pelo fato de que o plano em que vocês estão rapidamente começa se tornar um leve aclive, para cima.

Besouraço continua dormindo, ronronando levemente como um gato.

Ao continuar no caminho de pedras, vocês encontram poucos ou nenhum sinal de pra onde Lymbsky poderia ter ido, água continua a pingar incessantemente do teto, escapando por rachaduras, em lugares altos demais para serem enxergados, o cheiro de mofo continua permeando o local mesmo depois do cheiro do lago ter passado.

Então, finalmente, após mais de duas horas de caminhada, vocês notam uma alteração no terreno, ele começa a se fechar, as paredes finalmente chegando a vista de vocês e seguindo em frente.

Para além disso, alguns espelhos e penduricalhos parecem estar espalhados por essas paredes, ossos, penas, espelhos de aço e de vidro, além de vários tipos de tecidos velhos e mofados, o corredor segue em frente por mais alguns metros até uma espécie de chamine escavada na rocha, com um pequeno elevador de pedra, com uma série de polias.

O mesmo parece estar inoperante a muito tempo.

-Hmmmmm
Gamvra pensa enquanto fica olhando os penduricalhos.
-Stary isso é coisa de gente ou....?

O túnel parece continuar vários metros para baixo, além de pra cima, de qualquer forma, sob a luz fraca do besouro é impossível dizer o quanto.

Gamvra não percebe nada de especial no túnel.

-Ok.... O Elevador vai pra cima.
Gamvra entra no elevador.

-Vamos pra cima Stary, pra cima é sempre bom.

Gamvra então começa a puxar uma das cordas, presa a uma série de polias.



O elevador range e treme sob o peso de vocês dois, mas continua indo pra cima.

Gamvra percebe que, na pedra lisa do túnel, alguns pequenos buracos foram feitos, todos redondos e com um pouco mais que 2 cm do profundidade, a cada intervalo de 1 metro, mais ou menos 8 buracos, emparelhados como 2 pares de 4, lado a lado.

O elevador sobe por alguns metros, até que finalmente para, tendo chego a seu destino.

Vocês saem dele, e alguns segundos após Gamvra soltar a corda, o mesmo começa a lentamente descer de volta pro andar de baixo.

Ao olhar em volta, sob a luz do besouro, vocês percebem estar dentro de algum tipo de casa, ou "escritório".

O lugar é feito dos mesmos tijolos que cobriam o chão do andar de baixo, algum tipo de barro vermelho, várias mesas, armários e outros tipos de móveis são feitos do mesmo tipo de barro que os tijolos e estão espalhados de maneira semi-organizada pelo local.

Uma janela dá para o lado de fora, na parede lateral, mas como esperado, nenhum tipo de luz parece vazar por elas.

No outro extremo da sala, está uma porta de ferro, velha e enferrujada.

Nenhuma água pinga do teto ou de lugar algum, apesar do ar ser extremamente mofado e úmido.

-Aqueles buraquinhos lá, foram um bicho que fez....
Não sei qual mas tinha oito então provavelmente algum tipo de aranha, talvez Trogloraptor?
Gramvra coça a virilha e funga.
-Stary dá uma olhada nesses moveis.

Stary volta pra entrada do elevador e coloca sua cabeça pra dentro, ela observa que os buracos começam a menos de um metro de profundidade.

Observando, é possível notar, primeiramente, que não podem ser feitos por trogloraptor, primeiramente porque esses contam com pedipalpos aderentes, que permitem que andem em superficios planas sem a necessidade de causar qualquer tipo de buraco assim.

Além disso, Stary, percebe que os mesmos foram feitos recentemente, e pela distribuição, ou foram feito por algo com 8 pernas várias e várias vezes, ou por algo com mais de cem pernas, uma única vez.

Existem poucas criaturas que encaixam nessa descrição, principalmente ao se considerar o tamanho do túnel o fato de que esses buracos foram feitos na força bruta, já que a criatura em questão não conta com nenhum mêcanismo aderente.

Stary então chega em duas opções, ambas extremamente lendárias:

Um cavaleiro trilobita diversas vezes, ou uma civilopédia uma única vez.

Nenhuma dessas criaturas são comprovadas a existirem.

-Um oque? Bem, ok... Contanto que não tente matar a gente.
Gamvra vai até os moveis de tijolo, procurando qualquer coisa útil neles.
Se ele não achar nada ele vai sair do local estranho.

Gamvra examina o local, mexendo nas mesas e móveis, após alguns minutos, sua mão encontra um pequeno objeto do que parece ser cerâmica repousando no chão sob uma mesa, em formato de dente e com pequenos furo, ele o ergue sobre a luz do besouro e o observa melhor.

Gamvra reconhece ele como sendo algum tipo de apito.

Além disso, Stary, aproveitando o silêncio, escuta o lado de fora, um vento gelado e mofado sopra pra dentro das janelas, e ao longe, é possível ouvir o suave som de água corrente.

"Hey, olha Stary... Um apito."
"Pode ser útil eu acho mas ao mesmo tempo... Isso chama muito atenção."

Gamvra fica olhando pro objeto antes de por ele no pescoço e seguir para fora da construção de tijolos.

A primeira coisa que Gamvra e Stary sentem ao sair da construção é o cheiro.

Rançoso, mofado e úmido, como o interior de um parque aquático abandonado, o ar parece grudar em suas narinas antes de fazer um caminho longo e grosseiro até seus pulmões.

Logo, vem a sensação sob seus pés, como pisar em grama, porém, como se a mesma se desfizesse em um liquido gosmento que gruda seus sapatos contra o chão, algum tipo de líquen super-crescido, pulsando em tons de roxo e verde e amarelo pus, ele cobre toda a superfície do chão de pedra e tijolos. 

O vento sopra para cima, de um desfiladeiro a alguns metros de distância, o seu interior levemente iluminado por um foco de luz ao norte, revelando o que parecem ser uma dezena de construções e telhados arranjados em vários e vários círculos, o chão não pode ser visto.

Desse ponto de luz ecoam batidas rítmicas como um gigantesco bate estaca, além disso, o som de água correndo e pingando é incessante.

A esquerda, o caminho de tijolos gastos e cobertos de musgos segue para baixo, para o que parecem ser escadas, descendo para a escuridão abaixo.

Para a direita, o chão continua até se tornar parede e teto, curvando para cima e seguindo.

"Pra cima, sempre pra cima."
Gamvra diz, apontando pro caminho direito.

Você vai... escalar o teto?????????

Stary não consegue identificar o líquen que cresce sob seus pés como nenhum tipo em particular, porém, pelas suas cores que variam entre o amarelo pus e roxo hematoma, é bem provável que seja venenoso se ingerido, além disso, ele pode provavelmente ser vendido como material para tinta.

Vocês seguem escada a baixo, é bastante dificultoso descer por ela sem escorregar no líquen, ela se estende alguns metros pra baixo até dar lugar pra o que parece com uma cidade completamente alagada, a água que cobre até seus joelhos é escura, fedida e surpreendentemente morna.

As construções que vocês conseguem ver são feitas de tijolos enegrecidos, com janelas e portas feitas de cerâmica.